Quase 3 milhões voltaram à pobreza na América Latina e Caribe entre 2014 e 2016, aponta relatório da Christian Aid

O relatório “O Escândalo da Desigualdade 2: As múltiplas faces da desigualdade na América Latina e Caribe”, lançado pela ONG Christian Aid, destaca que mulheres, negros, populações indígenas e quilombolas são os grupos mais afetados pela crescente desigualdade. Entre 2014 e 2016, 2,7 milhões de pessoas voltaram à pobreza, devido a fatores como a guinada política à direita e a redução de investimentos em políticas sociais, o que agrava ainda mais as condições na região.

Além disso, o relatório aponta que a concentração de terras nas mãos de latifundiários, a influência de grandes empresas nas decisões políticas e a falta de investimentos em programas sociais contribuem para a perpetuação da desigualdade. Essas questões também colocam em risco o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que incluem a erradicação da pobreza até 2030.

Sarah Roure, responsável pelo programa da Christian Aid no Brasil, ressalta que o enfrentamento da desigualdade requer mudanças na estrutura fundiária e tributária do país. Ela aponta que as políticas atuais favorecem a concentração de renda, com as populações mais vulneráveis sendo as mais afetadas.

O relatório destaca que a distribuição de terras continua a ser um dos principais obstáculos à equidade social na América Latina, especialmente nas áreas rurais. Em 2013, cerca de 40% das pessoas que viviam em áreas rurais estavam abaixo da linha de pobreza, em comparação com 20% nas áreas urbanas. A concentração de terras nas mãos de elites nacionais e internacionais perpetua essa desigualdade, dificultando a implementação de políticas que possam mitigar as disparidades socioeconômicas.

Outro ponto importante levantado pelo relatório é o aumento da desconfiança em relação aos modelos democráticos, impulsionado pela crescente percepção de que as elites governam em benefício próprio. Pesquisas indicam que 73% dos latino-americanos acreditam que seus governos priorizam os interesses das elites, e o apoio à democracia está em declínio em vários países da região, incluindo o Brasil, onde apenas 32% da população manifestaram apoio ao sistema democrático.

Além disso, o relatório aborda o aumento da violência, especialmente a violência de gênero. A América Latina tem as maiores taxas de homicídios do mundo, com mulheres sendo particularmente afetadas. A violência contra mulheres tem prejudicado os avanços na igualdade de gênero, com países como Colômbia, Bolívia, Haiti e República Dominicana apresentando altos índices de violência física e sexual contra mulheres.

Por fim, o relatório aponta que políticas de livre mercado, o conservadorismo religioso e uma cultura machista reforçam a desigualdade de gênero, contribuindo para a manutenção de sistemas patriarcais que prejudicam o desenvolvimento igualitário na região.

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